Pesquisadores das faculdades de Medicina (FMRP) e de Odontologia (FORP) da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, mostraram que a tecnologia do CRISPR-Cas9, foi capaz de bloquear a infecção pelo novo coronavírus por meio da inibição ou mesmo redução da expressão da enzima conversora de angiotensina 2 humana (ACE2) que tem um papel crucial no controle da pressão arterial.

A ferramenta conhecida como CRISPR tem um nome um pouco complicado: Repetições palindrômicas curtas e regularmente intercaladas em clusters (ou do Inglês, Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) mas um mecanismo relativamente fácil e que pode ser uma estratégia importante para modificações de estruturas gênicas. A técnica consiste em desenhar um guia para reconhecer a região de interesse no genoma (material genético – DNA) e associar esse guia com uma enzima, que pode ser uma Cas9 (no caso do sistema CRISPR/Cas9, por exemplo). Essa enzima irá atuar como uma “tesoura” e realizar um corte no local de interesse do DNA. Esses cortes na molécula de DNA poderão causar, dentre alguns efeitos, alterações na estrutura de aminoácidos e proteínas modificando suas funções ou, até mesmo, gerando proteínas sem nenhum tipo de função.

Segundo os pesquisadores a inibição ou redução da expressão da ACE2 pode causar uma falha na atividade biológica da mesma, principalmente em pacientes diabéticos ou com hipertensão. Com o uso da tecnologia CRISPR-Cas9 os pesquisadores têm o objetivo de causar pequenas mudanças no gene ACE2, de modo a enfraquecer sua ligação com o SARS-CoV-2. Alguns resultados preliminares demonstraram que houve sucesso na implementação da técnica. Estes são resultados obtidos pelo projeto apoiado pela FAPESP, e descritos em detalhes na plataforma preprints (https://www.preprints.org/manuscript/202005.0134/v1), ainda sem revisão por pares. Para saber mais sobre a tecnologia proposta assistam ao vídeo produzido pelo grupo em https://www.youtube.com/watch?v=3kDg_zyps7E&feature=youtu.be.