Estudos sugerem que crianças apresentam sintomas mais leves de COVID-19 - FEALQ PELA VIDA

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Estudos sugerem que crianças apresentam sintomas mais leves de COVID-19

Por Clarissa Boschiero

Estudos científicos recentes revelam que a COVID-19 é menos severa em crianças, sendo que a maioria infectada é assintomática ou apresenta sintomas brandos. Além disso, apresenta uma menor taxa de hospitalização e geralmente se recupera rapidamente (Lavezzo et al., 2020; Lingappan et al., 2020; Jing et al., 2020; Gudbjartsson et al., 2020). Crianças com COVID-19 podem apresentar febre, tosse, congestão nasal, nariz escorrendo e manifestações cutâneas. Além disso,  apresentam mais frequentemente que adultos, sintomas gastrointestinais como vômito e diarreia (Zimmermann & Curtis, 2020).

A razão ainda não é muito bem compreendida, porém existem algumas hipóteses sendo discutidas. Uma delas seria que o sistema imune das crianças é mais apto para combater o vírus do que de um adulto, o que é intrigante pois o sistema imune de uma criança ainda está em desenvolvimento (Lingappan et al., 2020). Outra possibilidade é que as crianças apresentam menor número de receptores ACE2 e TMPRSS2 nos pulmões do que nas vias respiratórias superiores (boca, garganta e nariz) (Lingappan et al., 2020), o que resultaria, em um menor comprometimento dos pulmões.

Outra hipótese sugere que a maioria das crianças já foram expostas a outros tipos comuns de coronavírus que estão circulando nos últimos anos (como o MERS-CoV e SARS-CoV), e por isso, muitos grupos de crianças já possuem algum grau de proteção contra a COVID-19 (Lavezzo et al., 2020).

Apesar de vários estudos mostrarem que as crianças apresentam uma baixa taxa de hospitalização, um estudo conduzido em um hospital de Nova York avaliou 67 crianças que apresentaram COVID-19 e mostrou que destas, 46 foram hospitalizadas e precisaram de cuidados intensivos (Chao et al., 2020). Os autores afirmam que as crianças não são imunes à COVID-19 e podem apresentar sintomas graves. Os autores também explicam que o estudo tem limitações (pequena amostragem, por exemplo) e que são necessários estudos adicionais para confirmar estes resultados.

Apesar de vários estudos indicarem que as crianças são menos suscetíveis ao novo coronavírus, ainda não há uma explicação definitiva, e as crianças devem tomar as mesmas precauções que os adultos para evitar uma infecção.

 

Leia mais em:

Chao et al., 2020: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32407719/

Gudbjartsson et al., 2020: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32289214/

Jing et al., 2020: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32562601/

Lavezzo et al., 2020 (pre-print): https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.04.17.20053157v1

Lingappan et al., 2020: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32491949/

Zimmermann & Curtis, 2020: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32310621/