COVID-19 e o potencial da IgA salivar no desenvolvimento de teste rápido
A pandemia da COVID-19 tem impactado a vida de milhares de pessoas em todo o planeta, desde que foi detectado o vírus na China em dezembro de 2019 e até os dias de hoje. Neste sentido, pesquisas que visam compreender melhor como o vírus invade as células e se espalha no corpo humano têm sido feitas por inúmeros grupos de pesquisa, assim como, novos testes para detectar o vírus têm sido desenvolvidos em massa. Em um artigo recentemente publicado na plataforma medRxiv (clique aqui para ler a íntegra), ainda sem revisão por pares, um grupo de pesquisadores da empresa BreviTest Technologies visou compreender melhor o potencial da IgA salivar como marcador para detecção da COVID-19, com o desenvolvimento de um teste rápido chamado BRAVO (Brevitest IgA Salivary Mucosal Test).
A IgA (Imunoglobulina A) é predominante em secreções, como a saliva e mucosas do trato respiratório. Nessas secreções ela se une a um componente secretor formando a IgA secretora (sIgA). Em relação a sua importância na resposta imunológica contra o SARS-CoV-2, quando o vírus entra em contato com as mucosas, os anticorpos sIgA podem prevenir sua adesão nas células epiteliais através na neutralização da proteína spike do vírus (inibindo sua interação com o receptor ACE2 do hospedeiro); ou, podem se ligar à proteína do nucleocapsídeo do vírus.
O BRAVO – teste rápido para detecção de anticorpos IgA contra SARS-CoV-2 pela saliva – foi testado mais de 250 vezes, e validado para detecção qualitativa (presença ou ausência do vírus) conforme as instruções do FDA (Food and Drug Administration, USA), utilizando dados de pacientes que foram testados previamente por PCR. Os valores positivos e negativos de predição foram 92 e 97%, respectivamente, apontando a eficácia do teste. Após estes testes preliminares, os pesquisadores chegaram a algumas conclusões importantes. A primeira delas é que a coleta de saliva leva apena 5-10 minutos e é muito menos invasiva do que o swab naso-faríngeo, além de ser bastante fácil de coletar (o próprio paciente pode fazer a coleta, com a devida supervisão). Essa facilidade de coleta facilita testes em massa, principalmente para crianças. Somando-se a isso, a IgA está presente na mucosa salivar já no segundo dia dos sintomas, antes mesmo da IgG ou IgM (anticorpos detectados nos testes rápidos sorológicos disponíveis atualmente). Outra vantagem é que, a IgA pode persistir no organismo até 3 meses após a infecção, o que é bastante interessante em estudos de imunidade de rebanho. Apesar disso, os autores afirmam que ainda são necessários mais estudos em relação ao teste e o comportamento da IgA frente a uma infecção por SARS-CoV-2.
Se você deseja saber mais detalhes sobre o desenvolvimento do teste e suas vantagens e desvantagens em relação aos testes atualmente disponíveis, acesse aqui.