COVID-19: estudo mostra imunidade pré-existente em crianças não infectadas
Um estudo publicado no dia 6 de novembro pelo Instituto Francis Crick e pela University College London no Reino Unido (Ng et al., 2020) constatou que anticorpos produzidos pelo sistema imune durante uma infecção por outros tipos de coronavírus, podem também conferir imunidade ao novo coronavírus.
Quando o sistema imune produz anticorpos em resposta a um vírus, estes anticorpos podem permanecer no sangue durante um período de tempo após a infecção. No estudo publicado na revista Science, os pesquisadores notaram que algumas pessoas, principalmente crianças, possuem anticorpos no sangue reativos à COVID-19, mesmo sem nunca terem sido infectadas com o novo coronavírus (Ng et al., 2020).
Estes anticorpos foram provavelmente produzidos após a exposição a outros coronavírus, que podem causar, por exemplo, um resfriado com sintomas leves ou moderados. Existem pelo menos quatro outros coronavírus que infectam rotineiramente as pessoas e causam resfriados.
Os pesquisadores chegaram a estes resultados enquanto estavam desenvolvendo testes para COVID-19. Para avaliar a eficácia dos testes, os pesquisadores utilizaram sangue de pacientes que nunca foram infectados por COVID-19. Surpreendentemente, algumas pessoas que nunca tinham sido contaminadas por COVID-19 tinham anticorpos no sangue que reconheciam o novo coronavírus, principalmente crianças de 6 a 16 anos. Para confirmar os resultados, eles avaliaram mais de 300 amostras de sangue coletadas antes da pandemia, entre 2011 a 2018.
Um outro estudo publicado em outubro deste ano (Mateus et al., 2020), observou que células T de amostras de sangue coletadas entre 2015 e 2018 pareciam reagir de maneira cruzada a partes específicas de 29 proteínas do novo coronavírus, indicando que uma memória pré-existente de células T contra os coronavírus comuns do resfriado poderia reconhecer o SARS-CoV-2.
Pesquisadores afirmam que as crianças são mais propensas a apresentar anticorpos de reação cruzada que adultos, porém estudos adicionais são necessários. Estes resultados também podem ajudar a explicar porque as crianças geralmente apresentam sintomas menos graves de COVID-19 do que os adultos.
Leia mais em:
Mateus et al., 2020: https://science.sciencemag.org/content/370/6512/89
Ng et al., 2020: https://science.sciencemag.org/content/early/2020/11/05/science.abe1107