Recuperados da COVID-19 podem apresentar redução de anticorpos ao longo do tempo
A ciência ainda conhece pouco sobre as características clínicas de pacientes assintomáticos infectados pelo novo coronavírus, assim como em relação à resposta imune gerada pelo organismo, impossibilitando a premissa de que pacientes curados da COVID-19 adquirem imunidade ativa. Recentemente, pesquisadores chineses observaram que os níveis de anticorpos IgG e neutralizantes foram reduzidos significantemente após 2-3 meses em pacientes recuperados da infecção por SARS-CoV-2. O estudo foi publicado na revista Nature Medicine.
Nesse estudo, 37 pacientes sintomáticos e 37 assintomáticos foram acompanhados após a sua recuperação. Os níveis de anticorpos IgG dos pacientes sintomáticos foram maiores do que os de pacientes assintomáticos nos primeiros meses de recuperação. Entretanto, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi que 93,3% dos pacientes assintomáticos e 96,8% dos pacientes sintomáticos apresentaram uma diminuição significativa nos níveis de anticorpos IgG durante o período de recuperação. Em relação aos anticorpos neutralizantes, 81,1% dos pacientes assintomáticos apresentaram em média 8,3% de diminuição dos níveis, enquanto 62,2% dos pacientes sintomáticos tiveram seus anticorpos neutralizantes reduzidos em média de 11,7%, após os primeiros meses de recuperação. Finalmente, 40% dos pacientes assintomáticos e 12,9% dos pacientes sintomáticos se tornaram soronegativos para IgG, ou seja, não apresentaram nenhuma detecção de anticorpos.
Apesar de apresentar limitações, como por exemplo, o baixo número de pacientes avaliados, o estudo ressalta os riscos de assegurar que indivíduos recuperados da COVID-19 estão imunes, com o chamado “passaporte de imunidade”. Além disso, os resultados favorecem a ideia de continuação dos cuidados de pessoas que já se recuperaram da doença, mantendo medidas preventivas como o distanciamento social, higienização, isolamento de pessoas do grupo de risco e testes de diagnóstico em massa.
Para mais informações, acessem o artigo na íntegra: https://www.nature.com/articles/s41591-020-0965-6.