Transfusão de plasma convalescente: uma opção terapêutica contra a COVID-19
O sangue de pacientes recuperados da COVID-19 contém altos níveis de proteínas chamadas anticorpos, que são produzidos pelo sistema imune do indivíduo para combater o vírus durante a infecção. Esses anticorpos são encontrados na parte líquida do sangue (sem células) chamada de plasma, o qual pode ser coletado e usado para tratar outros pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 por meio de uma transfusão de plasma convalescente (ConvP).
Apesar dessa imunoterapia passiva não ser inédita, sendo empregada em 1918 para conter o surto da influenza H1N1, os primeiros relatos sobre o uso do ConvP em pacientes com COVID-19 foram promissores. Cinco pacientes (faixa de idade entre 36 e 65 anos, sendo duas mulheres) severamente doentes com testes laboratoriais confirmados para COVID-19 foram tratados com ConvP no Hospital Third People de Shenzhen, na China, apresentando melhoras no estado clínico. Um segundo estudo com 10 pacientes em estado severo, provenientes de três hospitais em Wuhan, na China, demonstrou que uma dose de ConvP com alta concentração de anticorpos neutralizantes pode reduzir a carga viral e melhorar os sintomas clínicos da doença. No entanto, evidências conclusivas sobre a eficácia do tratamento em humanos infectados pelo novo coronavírus ainda estão sob investigação, necessitando da realização de mais testes em ensaios clínicos antes da sua aplicação.
No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma nota no início de Abril autorizando a utilização do ConvP, sempre que possível, sob processos de ensaios clínicos, devidamente controlados. O Ministério da Saúde tem acompanhado as pesquisas realizadas pelo Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Sírio Libanês, Universidade de São Paulo e Universidade Estadual de Campinas para testar a segurança e a eficácia desse tratamento.