Imunidade de longo prazo à COVID-19?
Diversos estudos têm demonstrado que a imunidade contra a COVID-19 parece ser de curto prazo, ou seja, os níveis de anticorpos produzidos pela defesa do corpo para combater a infecção vão desaparecendo após algumas semanas do início dos sintomas.
Entretanto, um estudo publicado no dia 17 de julho na revista Nature (acesse aqui a íntegra) traz novidades sobre a resposta imune a longo prazo. O estudo demonstrou que um tipo de célula de defesa do sistema imunológico presente no sangue denominada como Linfócito T (mais especificamente os tipos CD4 e CD8), reconhece múltiplas regiões da proteína presente na estrutura do vírus SARS-CoV-2. O estudo avaliou o sangue de 36 pessoas recuperadas que tiveram casos de moderados a graves de COVID-19, demonstrando que pacientes recuperados podem ter uma memória de imunidade e a capacidade de combater o vírus em caso de uma nova infecção.
Além disso, os cientistas verificaram que 23 pacientes recuperados de SARS-CoV-1 do surto de 2003, ainda possuem células T ativas contra o vírus, mesmo após 17 anos. Essas evidências demonstraram uma memória de longa duração, e que as células T desses pacientes foram capazes também de reconhecer estruturas presentes no vírus atual, o SARS-CoV-2.
Por fim, os pesquisadores também reportaram que em 19 do total de 37 pessoas que não tiveram contato com os vírus SARS-CoV-1 e SARS-CoV-2 apresentaram células T específicas contra o SARS-CoV-2. Isso sugere que deve haver outros coronavírus desconhecidos, possivelmente de origem animal, os quais devem induzir células T a reconhecer estruturas do SARS-CoV-2. Esse relato pode ajudar a explicar porque parte das pessoas não desenvolvem sintomas tão graves.
O estudo é bastante promissor e traz novas esperanças. Entretanto, não é garantido que as pessoas que possuem os linfócitos T que reconhecem as proteínas virais ou que já tiveram COVID-19 estão imunes ao vírus. Portanto, novas pesquisas ainda devem ser conduzidas nesse contexto para um melhor esclarecimento sobre a imunidade de longo prazo à COVID-19.