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40 anos Cepea: entrevista especial com Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros

O agronegócio brasileiro gera 27% do PIB, emprega cerca de 20% da população ocupada e representa 43% das exportações totais. Dados como esses orientam organizações do setor na formulação de estratégias, além de órgãos públicos, na elaboração de programas e políticas de tecnologia, de apoio econômico e financeiro, e sociais para controle da desigualdade. São informações produzidas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que é também referência de preços para uma série de produtos agropecuários e está completando 40 anos de atividades em 2022.


Criado no âmbito da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) por iniciativa de docentes da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo), o centro de pesquisas tem coordenação científica do professor Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, entrevistado especial desta edição do Painel Fealq.


Membro atuante do Cepea desde o início de seus trabalhos, em 1982, Geraldo traz um balanço dessas quatro décadas de história, ressaltando a característica pioneira e inovadora do centro e pesquisas de interligar o meio acadêmico à sociedade na sua interface com o agronegócio. Destaca também parcerias importantes estabelecidas ao longo do tempo, entre elas a mantida com a Bolsa B3 (antes Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo – BM&F) desde a década de 1990, para a elaboração e divulgação dos indicadores do boi gordo, bezerro, milho, etanol, açúcar, soja e algodão, bem como orientação dos contratos no mercado futuro desses produtos. Fala, ainda, do relevante apoio da Fealq no suporte administrativo-financeiro e jurídico para a realização de seus trabalhos e sobre como ele imagina o centro de pesquisas nos próximos 40 anos. “O Cepea, assim como a Fealq e, logicamente, a Esalq continuarão na liderança como geradores e difusores de conhecimento para o Agronegócio brasileiro.”


Confira abaixo entrevista completa:

– O Cepea é referência no País quando o assunto é o agronegócio, com a elaboração de Indicadores de preços, análises de mercado e desenvolvimento de pesquisas em diferentes temas ligados ao setor. Qual balanço o senhor faz desse renomado centro de pesquisas ao longo de quatro décadas de atividades?


O Cepea, mesmo com seus 40 anos de existência, ainda mantém sua característica pioneira e inovadora que tem sido interligar o meio acadêmico – a USP e especificamente a Esalq – à sociedade brasileira em geral na sua interface com o Agronegócio. O Cepea acha-se, desde 2002, certificado como um Grupo de Pesquisa no CNPq contando com meia centena de membros, docentes e pesquisadores da Esalq e de outras instituições congêneres do Brasil e do exterior, todos com mestrado e ou doutorado.

Para o Cepea, o Agronegócio é um setor econômico especial para o Brasil, organizado para a produção de vegetais e animais, transformando-os em alimentos, fibras e energia para consumo nacional e mundial baseando-se em parte dos recursos naturais do país – biológicos, minerais, hídricos e energéticos. A segurança alimentar – alimentos acessíveis a todos em quantidade e qualidade adequada – representa evidentemente o objetivo central do agronegócio e ela está alicerçada na ciência e na sua ampla divulgação a produtores e consumidores.

No Brasil, o termo agronegócio é comumente utilizado inapropriadamente para incluir apenas a parcela de produtores rurais de maior porte, mais integrados aos mercados e tecnologicamente mais avançados. Na verdade, o agronegócio envolve todas as atividades agropecuárias (exercidas sob as mais variadas formas de organização, independente de tamanho ou tecnologia empregada) e de silvicultura e pesca que se encadeiam a todas as atividades industriais e de serviços correlatas. É o somatório das cadeias produtivas, ao longo das quais matérias primas – processadas ou não – são deslocadas geográfica e temporalmente em direção aos consumidores brasileiros ou aos portos para exportação.

O Cepea cumpre a função de dialogar com os agentes do Agronegócio, trazendo sua realidade para dentro da universidade que, através de suas pesquisas e conhecimento especializado, propõe soluções e recomendações para o aumento da eficiência observados a sustentabilidade e o bem-estar no meio rural e nas atividades que existem em razão dele. Entre estas se incluem as ligadas à agroindústria (de insumos e processamento) e aos agrosserviços (comércio, transporte, armazenamento, finanças e orientação técnica). O Cepea tem demostrado a valiosa sinergia que prevalece entre a pesquisa e o ensino acadêmicos e o intercâmbio com o mundo do trabalho e dos negócios.

– Quais as principais contribuições do Cepea para o agronegócio?

O Cepea ao longo dos 40 anos de existência tem contribuído para que o Agronegócio produza mais eficientemente – aos menores custos viáveis – e de forma economicamente equilibrada nas suas relações internas (dentro das cadeias produtivas envolvendo o produtor rural, agroindústrias e agrosserviços) e externas (com a sociedade em geral).

Para isso, o Cepea pesquisa continuamente as atividades “dentro da porteira” – alicerce do agronegócio –, coletando, processando e divulgando detalhadamente custos e receitas, recomendando ajustes técnicos, econômicos e financeiros. Os produtores rurais são informados sobre as oportunidades alternativas de negócios de compra de insumos e vendas de produtos de forma a tomar decisões baseadas em recomendações imparciais e precisas. As informações de preços do Cepea são usadas largamente nos negócios entre produtores rurais e demais agentes das cadeias produtivas em muitas regiões do Brasil. Assim, democratiza-se a informação ao longo das cadeias, criando condições para um comércio equilibrado a despeito das diferenças de poder econômico.

Ademais, as análises e estudos efetuados pelo Cepea prestam-se para orientar a formulação de melhores políticas públicas nas áreas de preços de insumos e produtos, de financiamento da agropecuária, de controle de riscos (via seguros rurais) e de ciência e tecnologia.

O Cepea dá especial relevância à divulgação tempestiva de seus dados e análises empenhando-se para que eles cheguem com agilidade aos produtores, para que estes possam tomar oportunas decisões sustentáveis de gerenciamento técnico, econômico e financeiro bem fundamentadas. Nesse contexto, o Cepea provê informações tanto sobre o dia a dia como sobre as perspectivas de mercado a médio e longo prazo. Além de divulgar informações provindas das pesquisas, o Cepea proporciona oportunidades para troca de experiências entre produtores sobre mercados e técnicas de produção. Para alcançar esse objetivo o Cepea estabelece relações estreitas com as entidades representativas do setor. Um exemplo especial é a Revista Hortifruti Brasil, que neste ano completou 20 anos de existência, levando o conhecimento científico e constituindo um fórum que conecta produtores e consumidores de uma ampla gama de produtos alimentares.

– Em 2021, o agronegócio alcançou a participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde 2004, segundo levantamento do Cepea. Qual a importância de termos um centro de pesquisas acompanhando o desempenho macroeconômico do setor por meio de cálculos do PIB do Agronegócio, PIB de cadeias produtivas e índices de exportação do setor?

O Cepea, além do que já foi dito, também produz retratos macroeconômicos do conjunto do Agronegócio como gerador de renda (27,4% do PIB brasileiro), de emprego (20% da população ocupada), de divisas (43% do total das exportações), orientando assim organizações do setor (cooperativas e associações de produtores rurais e de agroindústrias e agrosserviços) na formulação de estratégias de curto, médio e longo prazos. Orienta também os órgãos públicos na formulação de programas e políticas de tecnologia, de apoio econômico e financeiro, e sociais para controle da desigualdade e da pobreza nos meios rurais e urbanos.


Os impactos do Agronegócio no custo de vida (inflação) são regularmente avaliados pelo Cepea de forma a medi-los adequadamente, separando os efeitos do clima, das ocorrências de pragas e doenças daqueles associados a choques macroeconômicos (nas taxas de câmbio e juros, nos impostos) e a desarranjos nas cadeias globais com reflexos nos preços internacionais dos produtos do Agronegócio. Na visão do Cepea, grande parte dos problemas de fome e subnutrição no Brasil não se deve à falta de eficiência do Agronegócio – demonstrada, aliás, pela sua inconteste competitividade mundial – mas, sim, à deficiência de renda – pobreza de moderada a extrema – de parte significativa da população brasileira. Produzindo grandes volumes a baixos preços, o agronegócio minimiza os custos dos programas de transferência de renda no Brasil.

– Entre os trabalhos inéditos com teor econômico-administrativo e a divulgação ampla dos resultados que obtêm, quais iniciativas o senhor destacaria?

Grande parte do público relacionado ao Agronegócio brasileiro acompanha com grande interesse – pela importância para seus negócios – os Indicadores de Preços Agropecuários do Cepea, amplamente utilizados nas transações entre agentes das cadeias produtivas. Agências nacionais e estrangeiras de notícias econômico-financeiras e formadores de opinião em geral divulgam nacional e mundialmente esses Indicadores. Trata-se de iniciativa apoiada pela Bolsa B3 (antes Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo) há mais de um quarto de século. Esses Indicadores são utilizados de forma generalizada nos negócios à vista e a termo (entrega física futura) envolvendo produtores, cooperativas, agroindústrias e trading companies e também nos mercados de futuros (para efeito de liquidação financeira de contratos, dispensando a custosa entrega física de produtos volumosos e perecíveis como os do Agronegócio). Os Indicadores do Cepea, ao proverem informação gratuita de mercado para todos os produtores rurais, proporcionam especialmente aos pequenos produtores condições para realizarem transações comerciais mais equilibradas.

Em 2021, o Cepea teve o reconhecimento de seu Indicador do Boi Gordo pela IOSCO – International Organization of Securities Commissions – organismo responsável por estabelecer os padrões globais de valores mobiliários, zelando pela confiabilidade do mercado de capitais global e provendo robusto arcabouço regulatório de aceitação mundial. Esse reconhecimento fornece a segurança que os fundos de investimento dos países desenvolvidos requerem para operarem internacionalmente. Com isso, os investimentos estrangeiros em ativos do Agronegócio na B3 devem se avolumar significativamente. Ressalte-se que o Cepea é a única instituição brasileira geradora de índices econômicos com o reconhecimento da IOSCO.

O Cepea também se preocupa com impactos sociais, ambientais e sanitários das atividades do agronegócio brasileiro. Em parceria com instituições nacionais – como Fapesp, CNPq, Ministérios – e internacionais – como Banco Mundial, FAO e BID –, o Cepea tem contribuído para compreensão e propostas de soluções para problemas como fome e desnutrição, desmatamento e mudanças climáticas, contaminação ambiental e humana relacionadas a uso de produtos químicos e destinação de resíduos.

O Cepea, sendo essencialmente o ponto focal dos estudos de agronegócio da USP, tem sido uma importante fonte geradora de informações multidimensionais sobre esse setor, fornecendo bases de dados para si próprio e outras instituições de pesquisa e governamentais – nacionais e estrangeiras – realizarem seus estudos e tomarem suas decisões.

– Desde a sua criação, o Cepea conta com o apoio da Fealq no suporte administrativo-financeiro e jurídico para a realização de seus trabalhos. Como o senhor avalia a importância dessa parceria?

A parceria entre o Cepea e a Fealq tem sido uma história de sucesso. São quarenta anos durante os quais Cepea e Fealq atuam sincronizadamente para produzir e disponibilizar gratuitamente informações à toda sociedade – produtores e consumidores de todas as categorias socioeconômicas (a maioria das quais não teria acesso a elas não fora esse papel social desempenhado pelo Cepea e pela Fealq) – sobre as atividades do agronegócio, seu papel na sociedade e na economia brasileira, sua relevância para cada pessoa e cada família como fonte de renda e principalmente como encarregada de produzir e colocar seus produtos ao alcance delas – onde quer que se encontrem – aos menores preços viáveis.

A Fealq exerce seu papel institucional de representar juridicamente o Cepea em suas parcerias – na forma de projetos – com os setores privado e público. Proporciona também suporte administrativo e jurídico assim como o controle financeiro dos recursos levantados pelos docentes para execução de seus projetos. Os docentes e suas equipes estabelecem suas parcerias com os setores privados e público, que buscam no Cepea assistência para suas necessidades e desafios nos campos da informação, da análise científica e da proposição de soluções de caráter técnico, econômico e financeiro para a condução e avanço de seus negócios e políticas. O Cepea, por sua vez, interage com representantes desses setores, guiando-se pelos princípios da responsabilidade técnica, social, econômica e financeira e da sustentabilidade ambiental. O Cepea em parceria com a Fealq jamais fez ou fará recomendações que prejudiquem qualquer grupo social – preocupando-se especialmente com as classes menos favorecidas econômica e socialmente.

– Com quais outros grandes parceiros o Cepea conta atualmente?

O Cepea tem como característica a manutenção de parcerias de longo prazo, o que demostra que, como regra, ambas as partes ficam satisfeitas com os resultados dos trabalhos desenvolvidos em conjunto. A parceria mais longeva e conhecida é a que o Cepea mantém com a B3, desde a década de 1990, quando ainda se denominava Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), cujo objetivo principal é o cálculo de Indicadores de Preços Agropecuários para fins de liquidação financeira dos contratos de futuros. Esses indicadores foram tão bem aceitos pelos mercados em geral que balizam também parte substancial dos negócios nos mercados físicos agropecuários.

Outra parceira desde os anos 1990 tem sido a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cujo objetivo tem sido duplo. Na área de gestão agropecuária, o Cepea realiza levantamento de campo e analisa custos de produção agropecuária – com base em dados de uso de insumos e respectivos preços – nas regiões de produção brasileiras mais relevantes para cada produto. Na área macroeconômica do agronegócio, a CNA apoia estudos do Cepea na área do PIB e do emprego do agronegócio.

O Cepea, como não poderia deixar de ser, mantém também duradoura parceria com o setor sucroalcooleiro através da Única, da Orplana, Consecana, Copersucar, Coplacana e Sindicatos de vários estados. Incluem-se também órgãos e associações de representação de produtores algodão – Abrapa, Arroz – Irga, Leite – OCB, Viva Lacteos. Parceiros com foco em grãos em geral são: Evonik, GT Fooods, Indemil. Entre parceiros ligados a produtos da Pecuária podem ser mencionados: Abegs, Agrosuper, Asbia, Cial, DSM, Instituto de Ovos, Ouro Fino, Peixe BR, Zoetis, de fertilizantes – Yara. Parceiros ligados aos hortifruticolas incluem: Agristar, Basf, Bayer, D&Pl, Dow, Fmc, Iharabras, Improcop, Syngenta, Yara.

O Cepea tem também parcerias de longo prazo com a Agência Estado, Bloomberg e Refinitiv-Reuters, que distribuem nacional e mundialmente as informações produzidas pelo Cepea, coroando, assim, nossa missão de gerar informação e vê-la chegar ao grande público que dela irá se beneficiar.

– A equipe Cepea reúne cerca de 150 pessoas, entre professores da Esalq/USP, pesquisadores com conhecimentos sobre agronomia, economia, administração e contabilidade, profissionais de comunicação, de tecnologia da informação, além de estagiários e bolsistas de graduação da Esalq e outras universidades. Quais aspectos são priorizados nesse modelo de trabalho e como o senhor avalia o papel do centro de contribuir para a formação desses profissionais?

No seu processo de geração de conhecimento, uma contribuição fundamental do Cepea tem sido a complementação da formação através da capacitação para aplicar conhecimentos teóricos e métodos científicos na resolução de problemas concretos do mundo real. Isso se dá tanto em relação a alunos de graduação como de pós-graduação da Esalq/USP e de outras universidades. As atividades de pesquisa e estudos do Cepea estão organizadas em equipes coordenadas por docentes do LES/Esalq, que tutoram os trabalhos, zelando pela correção metodológica e, ao mesmo tempo, criando oportunidade para que os membros das equipes interajam intensamente com os produtores rurais, agentes comerciais, financeiros e técnicos de pequenas e grandes empresas, nacionais e multinacionais. Dentro das equipes, estagiários, técnicos e pesquisadores fazem seus trabalhos de forma organizada, de sorte que todos evoluam profissionalmente preparando-se para atuação mais eficiente seja em atividades de ensino e pesquisa no próprio Cepea ou em outras instituições, seja para envolver-se no mundo corporativo tanto industrial como comercial, quanto financeiro.

O lado acadêmico, como não poderia deixar de ser, também é priorizado pelo Cepea como estratégia de manter-se na fronteira do desenvolvimento científico. Os docentes do LES e de outras universidades (membros do Cepea) e suas equipes são estimulados a conduzir pesquisas de fundo acadêmico e publicá-las em periódicos de prestígio no Brasil e no exterior.

– Como o senhor imagina o Cepea nos próximos 40 anos?

O Cepea, assim como a Fealq e, logicamente, a Esalq continuarão na liderança como geradores e difusores de conhecimento para o Agronegócio brasileiro. O agronegócio é o setor de produção que, para cujo contínuo desenvolvimento, demanda que os cientistas se envolvam com os recursos naturais – solo, flora, fauna, água, clima –, os quais possuem especificidades e diversidades típicas de cada região, de cada país. A indústria de base mineral (veículos, máquinas, infraestrutura, construção, etc.), por outro lado, ao iniciar e expandir suas atividades no Brasil, se restringiu – em boa medida – a para cá transplantar seu capital e conhecimento – em geral não específicos do ponto de vista geográfico. Já o agronegócio, desde quando teve sua concepção a partir dos anos 1930, teve seu desenvolvimento atado ao desenvolvimento cientifico e tecnológico no país. Foram o IAC, a Esalq, a UFV entre outras instituições e, mais tarde, a Embrapa – todas evidentemente em parceria com instituições congêneres do exterior – que criaram as bases e determinaram o ritmo e a extensão do crescimento do agronegócio no Brasil.

Assim continuará no futuro: a intensa vinculação do agronegócio à ciência e à tecnologia desenvolvidas no Brasil. Os alimentos – assim como as fibras, os derivados da madeira, e as fontes de energia – e seus sistemas de produção vão passar por substanciais transformações e aperfeiçoamentos por razões climáticas, ambientais e principalmente relacionadas à saúde humana, animal e vegetal. É a ciência que vai ditar o ritmo dessas transformações. O Cepea com certeza continuará sendo a importante ponte de duas mãos entre o agronegócio e a ciência, promovendo a troca de saberes entre ambos.

 

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