A intersecção entre a pesquisa o ensino e a integração público-privado em destaque no 9º Fealq Think & Drink
Caio Carvalho, presidente da Abag, destacou o protagonismo brasileiro no agro global, retratou a evolução do setor no Brasil e trouxe sua visão para o futuro.
A estratégia do agro brasileiro que levou o país a despontar como grande exportador de alimentos no cenário mundial, e a intersecção entre o público, o privado e a inovação acadêmica neste movimento foram o fio condutor da palestra “Integração Público-Privado: Ciência Aplicada e Produção na Bioeconomia”, proferida pelo presidente da Abag – Associação Brasileira do Agronegócio, Caio Carvalho, na 9ª edição do Fealq Think & Drink, realizada no dia 12 de setembro, no Espaço Leuven, em Piracicaba.
Engenheiro Agrônomo formado pela Esalq-USP, o palestrante sentiu-se em ‘casa’ ao reencontrar vários colegas da academia e do período em que foi conselheiro da Fealq.
Com um currículo extenso, Caio atua como Diretor da Canaplan – empresa privada de consultoria e projetos para o setor sucroalcooleiro e Conselheiro da Unica – União da Agroindústria Canavieira, também preside a Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional da Agricultura – SNA, é Diretor de Relações com o Mercado das usinas do Grupo Alto Alegre S/A, Diretor da UDOP – União dos Produtores de Bioenergia, além de sócio da Bioagência, empresa que comercializa açúcar e etanol nos mercados interno e externo.
Antes de dar a palavra ao palestrante, o diretor-presidente da Fealq, professor Nelson Massola, aproveitou a oportunidade para compartilhar alguns resultados importantes conquistados pela Fundação em recursos distribuídos pelo Programa de Apoios e em melhoria recém-adotada na gestão dos projetos administrados pela Fundação, por meio da atualização da Norma Administrativa Específica de Viagens, Hospedagem, Passagens Aéreas, Locação de Veículos, Despesas de Refeição e Diárias (NAE 001), que desde agosto inclui o pagamento de diárias.
Em uma noite marcada pela troca de ideias, a reflexão e o diálogo sob diferentes pontos de vista, o evento foi aberto para perguntas dos acadêmicos após a apresentação do presidente da Abag, que trouxe um panorama do agronegócio brasileiro sob a ótica do setor privado.
Partindo de um cenário de insegurança alimentar, nos anos 60, o palestrante traçou uma linha do tempo até os dias atuais para mostrar a evolução que levou o Brasil a um dos maiores exportadores de alimento do mundo, com share de 7% nas exportações mundiais. “Entre 2002 e 2022, as exportações do agro brasileiro cresceram 20% ao ano. O Brasil ainda está com um crescimento muito forte e a tendência é seguir crescendo”, prevê o presidente da Abag.
Segundo Caio, esta ascensão é reflexo dos investimentos feitos na década de 70 e do desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas ao campo, geradas no campo acadêmico – onde se destaca a Esalq-USP – a exemplo da biotecnologia. Ele reforça a integração entre o público, o privado e academia no protagonismo do agro brasileiro. “O Brasil já é protagonista nessa questão do agro global. A gente passou a fazer a maravilha da integração no agro, temos todo um processo de integração, lavoura, pecuária, floresta, que vocês conhecem muito bem, que vem ganhando espaço de uma forma extraordinária, ganhando produtividade, melhorando toda a biodinâmica dos solos com o uso intensivo.”
Como exemplo, o presidente de Abag cita a integração milho e cana-de-açúcar. “Esse ano, o milho faz 6,2 bilhões de litros de etanol no Brasil, com uma pegada de carbono muito menor do que o nosso competidor norte-americano. A integração milho e cana na mesma planta é extraordinária no sentido de redução de emissões de carbono e, obviamente, agrega valor. Quando a gente coloca o ILPF, que é a integração lavoura, pecuária floresta, na verdade entra o E e o C, que é o E de energia renovável, e o C de carbono (ILPFEC)”, assinala.
Diante da realidade da bioeconomia, o Brasil ocupa posição de destaque e já colhe os resultados, segundo Caio. “É um mar de oportunidades que temos na área de alimentos e de energia, sendo que a parte de biomassa na lógica da nova realidade que vivemos da bioeconomia é, de fato, a imagem mais forte do potencial que temos. É importante frisar que 50% do crescimento do PIB brasileiro no primeiro semestre de 2023 vieram de commodities, tanto agrícolas quanto metálicas, petróleo e gás. O modelo de produção agroindustrial que queremos discutir e que são benefícios diretos da adoção de biotecnologia”, aponta.
Benefícios estes que se refletem nos aspectos agronômico, ambiental e econômico. “Hoje eu tenho um produto, que é o produto biológico, que me libera o fóssil retido no solo para a planta. Eu capto o nitrogênio, hoje não só na lógica da soja, mas na cana-de-açúcar também, e por aí vai, reduzo as pulverizações através de toda a tecnologia digital, preservando as questões ambientais”, completa Caio.
A tecnologia que integra e agrega valor é resultado da pesquisa e inovação gerada na academia. “O triângulo que surge do casamento da Pesquisa e Integração no Ensino é justamente os esforços que temos potencialmente em projetos e inovação. Não só no preparo, mas também em alinhamento com o setor privado para poder fazer isso de uma forma dinâmica”, entende.
Como case de sucesso desta tríade, Caio destaca a parceria entre a Fapesp, Koppert e Esalq, com aporte de R$ 40 milhões em Centro de Pesquisa para Controle Biológico. Outro exemplo, o acordo entre a Bayer e a Embrapa para consolidar o mercado de carbono.
Como representante do setor privado, Caio reforçou a importância desta integração e se colocou a disposição para contribuir com a academia. “Fiquei muito animado com o convite para falar com vocês, falo em nome do setor privado, estamos aqui esperando a hora de sermos chamados para poder ajudá-los”, finalizou.
Próxima edição – A 10ª edição do Fealq Think & Drink já tem data marcada: será no dia 24 de outubro no Espaço Leuven, em Piracicaba- (SP). Para conhecer um pouco mais do evento e suas edições, clique aqui.
Notícias recentes