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Fase de cria: práticas adotadas pela Fazenda Figueira para aumentar a eficiência na produção pecuária

*por José Renato Gonçalves, engenheiro agrônomo e administrador da Fazenda Figueira.

O final do primeiro semestre, que no hemisfério sul se caracteriza pelo término do outono e início do inverno, define na pecuária de corte o período de desmama dos bezerros que estavam em aleitamento, com idade entre 6 e 8 meses.

 

A desmama dos bezerros determina o final da fase de cria. Nesse momento, colhemos os resultados dessa etapa e fornecemos os animais que futuramente serão utilizados na reprodução e produção de carne, garantindo o fornecimento de um alimento de alto valor nutritivo para a população mundial.

 

A fase de cria inicia-se com o acasalamento dos bovinos, que deve ter duração definida pela estação de monta e tem como objetivo promover a concepção nas matrizes, com a utilização de touros ou técnicas reprodutivas como a inseminação artificial. Para avaliar a eficiência desse evento, utiliza-se a taxa de prenhez, que é a proporção de fêmeas gestantes em relação ao total de fêmeas que foram expostas à reprodução.

 

Após a concepção, é essencial dar condições para o desenvolvimento do feto, com o objetivo de reduzir as mortes embrionárias. Para avaliar a eficiência durante a gestação, utiliza-se a taxa de nascimento, que é a proporção de fêmeas que parem em relação ao total de fêmeas que foram expostas à reprodução.

 

Após o nascimento, é importante garantir as condições para a manutenção da saúde e desenvolvimento dos bezerros e, para isso, é necessário adotar um calendário sanitário e nutrição adequada. Vale lembrar que a nutrição dos bezerros nos primeiros meses de vida depende exclusivamente da produção de leite da vaca. Dessa forma, dar condições nutricionais para as matrizes é essencial para um bom desenvolvimento dos bezerros e garantia de uma nova gestação.

 

Para avaliar a eficiência na desmama, utilizam-se quatro principais indicadores: Taxa de desmame, que é a proporção de bezerros desmamados em relação ao total de fêmeas que foram expostas à reprodução; Intervalo entre partos, que é o tempo entre dois partos consecutivos de uma mesma matriz; Peso ao desmame, que é o peso corporal dos bezerros no momento da desmama; Produtividade da fase de cria, que é o principal indicador, que mede a quantidade de quilos de bezerros desmamados por hectare, ou seja, o total de peso corporal dos bezerros desmamados (kg) em relação à área utilizada na fase de cria (ha). 

 

No Brasil, a cria é a fase menos eficiente na cadeia de produção de bovinos de corte, com uma baixa produção de bezerros em relação à quantidade de matrizes e área de pastagens utilizadas. Estima-se que a taxa de desmama esteja próxima a 50%, o que sugere que, em média, cada matriz do rebanho brasileiro produz um bezerro a cada 24 meses, quando o ideal seria a produção de um bezerro a cada 12 meses. Os bezerros apresentam baixo peso a desmama, o que associado à baixa lotação animal observada nas áreas de cria promove uma produtividade (kg bezerro /ha) muito inferior ao potencial esperado.

 

O aumento da eficiência na fase de cria tem grande impacto no sistema de produção de bovinos de corte brasileiro, uma vez que permite manter o volume produzido de carne reduzindo a área utilizada ou elevar significativamente a produção.

 

Nos dois casos, o aumento da eficiência promove a sustentabilidade pois reduz a pressão por abertura de novas áreas tanto para a produção pecuária quanto agrícola. Ao reduzir a necessidade de área para a fase de cria, a pecuária libera área para utilização com sistemas agrícolas ou permite o aumento do rebanho nacional.

 

A Fazenda Figueira e a Estação Experimental Hildegard Georgina Von Pritzelwitz vêm desenvolvendo práticas capazes de aumentar a eficiência na produção pecuária durante a fase de cria e, consequentemente, a sua sustentabilidade. Para isso, foram realizados experimentos e adoção de práticas produtivas com os seguintes objetivos:

 

– Melhorar a nutrição dos animais durante a fase de cria, a partir da definição de épocas mais adequadas à realização da estação de monta, resultando numa maior sincronização das necessidades dos animais com as fases de produção dos pastos;

 

– Definir a época correta para estação de monta também permite aumentar a lotação animal durante a fase de cria, pois sincroniza os momentos de maior demanda alimentar com as fases mais produtivas das pastagens. Além disso, os picos de exigências nutricionais ocorrem durante o período chuvoso, quando é possível realizar a fertilização dos pastos para aumento da produção vegetal;

 

– Avaliar os melhores protocolos reprodutivos de IATF (inseminação artificial em tempo fixo), com o objetivo de aumentar a eficiência reprodutiva e reduzir as perdas embrionárias, além de permitir a utilização de sêmen de touros com alto potencial genético;

 

– Acompanhar intensivamente os nascimentos e uso de protocolos sanitários visando reduzir a mortalidade dos bezerros entre o nascimento e a desmama;

 

– Utilizar no melhoramento genético reprodutores com comprovada capacidade de transmitir genes adaptados ao ambiente de produção da fazenda, que permitam o aumento na quantidade de animais do rebanho capazes de manifestar elevados indicadores produtivos como peso à desmama.

 
 
 

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