Comunicação e marketing são essenciais para o sucesso em todas as áreas de negócio. O agro, no entanto, nem sempre tratou estes temas como estratégicos para o seu desenvolvimento e crescimento. Situação que tem se transformado nas últimas décadas, embora muito mais dentro de um aspecto de importância econômica e menos em termos de marketing estratégico. “O agro representa 25% do PIB brasileiro, mas a percepção do público em torno de suas ações ainda é deficitária, embora venha se transformando ao longo dos anos”, comenta o jornalista e publicitário José Luiz Tejon.
Pioneiro na utilização de estratégias de marketing para o agronegócio, e com passagens por grandes empresas do setor, Tejon foi o palestrante da 8ª edição do Fealq Think & Drink, realizado no dia 08 de agosto no Espaço Leuven, em Piracicaba (SP). O evento completou nesta edição um ano de realização. Organizado pela Fundação de Estudos Agrários “Luiz de Queiroz” (Fealq), o encontro visa proporcionar um ambiente de descontração para o intercâmbio de experiências e ideias, e vem se consolidando como um espaço para reflexão de temas relevantes em torno do ensino, pesquisa, extensão e inovação, e estratégicos para o agronegócio.
Em sua apresentação, Tejon ressaltou a importância de ouvir as dores do cliente. “É comum não aceitar críticas dos clientes e outros setores econômicos e sociais, especialmente no contexto agro, mas é preciso conquistá-los, entender suas dores e ofertas soluções”.
Outro aspecto ressaltado por Tejon, e, de certa forma, até comum no contexto do agro brasileiro, é o de não aceitar críticas dos clientes ou de outros setores econômicos e esferas sociais. Um bom exemplo é a questão ambiental, na qual é comum críticas em relação à atuação do agro, seja no cenário nacional ou internacional. “Não adianta, por exemplo, ficar falando aos quatro ventos que os europeus desmataram suas florestas e agora querem nos criticar; é preciso conquistá-los, são importantes clientes; mostrar a eles e a outros setores que o agro é sustentável; há estudos científicos e números que comprovam isso”, afirma.
Avanço contínuo – O agronegócio se transformou ao longo das últimas décadas no grande motor da economia brasileira, sendo responsável pelos seguidos superávits na balança comercial do país. Hoje, o setor responde por algo em torno de 25% do PIB nacional. Para Tejon, é possível dobrar o tamanho do PIB do Brasil nos próximos anos. No entanto, esse movimento só será possível a partir do agronegócio. “O Brasil ocupa a primeira posição no quesito metro quadrado de área útil, principalmente se pensarmos hoje em todas as riquezas em termos ambientais e ligadas ao conceito de sustentabilidade”, comenta. “Os próximos dez anos vão exigir projetos criativos; precisamos colocar à mesa das lideranças do setor e do próprio governo temas verdadeiramente estratégicos para discussão, os quais nos darão condições de dobrar nosso PIB, e o agro é fundamental para se atingir esse resultado frente a todo o seu potencial, o qual nos tem levado a posição de maior produtor e exportador mundial de alimentos”.
O sucesso contínuo do agro, inclusive, tem transformado a própria visão em torno do agricultor e da vida no campo. Para Tejon, os avanços tecnológicos contribuíram para a reconstrução desta nova imagem, antes muito ligada a uma visão de atraso. “A Rede Globo desenvolveu uma campanha de muito sucesso: ‘O agro é tech, o agro é pop’; até mesmo nas novelas, ao retratar o campo, hoje mostram drones, colheitadeiras e inúmeras outras inovações; todo este contexto ajuda a redefinir a imagem do produtor rural”, destaca o especialista.
Um bom exemplo é uma pesquisa recentemente divulgada, citada por Tejon, na qual a população – especialmente urbana – passou a compreender a importância do produtor rural na produção de alimentos. Em escala de respeito, o agricultor fica entre as cinco profissões mais admiradas pelas pessoas, no mesmo patamar de bombeiros e médicos.
Sobre o palestrante – José Luiz Tejon é jornalista e publicitário, com Mestrado pela Universidade Mackenzie e Doutorado pela Universidad de La Empresa (Uruguai). É professor convidado na FGV, Insper e FIA, sendo sócio diretor da agência Biomarketing. Em sua carreira, já vendeu mais de 600 mil livros, palestrou em mais de quatro países e para mais de três mil empresas. Recentemente, recebeu o prêmio Personalidade do Ano do Agronegócio “Ney Bittencourt de Araújo” entregue pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG).
Nosso agradecimento especial à Professora Doutora Thais Maria Ferreira de Souza Vieira, diretora da Esalq-USP, pela contribuição na interface junto a nome tão relevante ao nosso setor, enriquecendo ainda mais o nosso evento.
Próxima edição – A 9ª edição do Fealq Think & Drink já tem data marcada: será no dia 12 de setembro no Espaço Leuven, em Piracicaba- (SP). Para conhecer um pouco mais do evento e suas edições, clique aqui.