A Honra de Contribuir com o Legado de Homens Nobres

Ao ser criada, em 1976, a Fealq teve a honra de atuar como uma facilitadora de iniciativas que ampliavam o legado de Luiz Vicente de Souza Queiroz. A dinamicidade dos professores, alunos e funcionários da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) requeria estrutura de apoio ágil e ao mesmo tempo compatível com as formalidades da Universidade de São Paulo, que incluiu a Esalq como uma de suas unidades fundadoras em 1934.

Em 2000, a Fealq teve, novamente, a honra de ver sua estrutura a serviço de outro benfeitor. Inspirado tanto no legado de Luiz de Queiroz quanto em doações de benefício público feitas por seu pai, o esalqueano Alexandre Kurt Karl Erdemann Von Pritzelwitz, formado em 1948, deixa, em testamento, a fazenda Figueira em Londrina-PR para a Fealq, além de recursos em conta corrente para cobrir as despesas com o inventário e a transferência do bem. Suas únicas exigências foram que a fazenda mantivesse a pecuária de corte como atividade principal, se tornasse estação experimental batizada com o nome de sua mãe, Hildegard Georgina Von Pritzelwitz, e viesse a ser unidade de produção autossustentável economicamente.

Atento ao melhor aproveitamento do patrimônio, o sr. Alexandre pede que as atividades na fazenda sejam supervisionadas por uma comissão técnica do Departamento de Zootecnia da Esalq, com quem mantinha estreito relacionamento, e que a gestão seja feita da Fealq.

A documentação do testamento foi concluída em 1995, após conversas em especial com os professores Vidal Pedroso de Faria e Aristeu Mendes Peixoto, do Departamento de Zootecnia da Esalq, e mantida em sigilo. Na ocasião, também os então diretores da Fealq professores Antonio Roque Dechen, Justo Moretti Filho e Evaristo Marzabal Neves souberam do documento, que deveria ser mantido em sigilo.

O histórico de doação de Alexandre vinha de longo tempo. Já em 1983, ele decidiu alocar 10% dos rendimentos da fazenda para um fundo de apoio na Fealq destinado a bolsas para alunos carentes. Com a mesma finalidade, ele doou cinco apartamentos na cidade de Londrina. Os imóveis, que continuam de posse da Fealq, são alugados e a receita revertida em bolsas.

A fazenda Figueira manteve-se sob seu usufruto até o falecimento, em 5 de janeiro de 2000, decorrente de problemas respiratórios. Alexandre Von Pritzelwitz, não era casado, não teve filhos e faleceu aos 74 anos. Nem mesmo seus familiares sabiam da doação.

Assim começa a história da estação experimental agrozootécnica Hildegard Georgina Von Pritzelwitz, criada oficialmente em 11 de fevereiro de 2000 na fazenda Figueira, em Londrina-PR. Um legado do esalqueano Alexandre Von Pritzelwitz.

A Família Pritzelwitz no Brasil e a Compra de uma Fazenda Cafeeira

20170110_105913-scaled

O café trouxe o pai de Alexandre Von Pritzelwitz da Alemanha para o Brasil. Em 1921, aos 29 anos, Kurt Gustav Von Pritzelwitz chega ao País para trabalhar com o comércio de café na conceituada empresa Theodor Wille, em Santos. Casou-se em São Vicente com Hildegard Georgina Von Pritzelwitz, filha de alemão e inglesa, e teve dois filhos, Georgina Maria e Alexandre Von Pritzelwitz.

Kurt destacou-se como comprador e exportador de café. Na praça de Santos, era chamado “Barão”. Foi reconhecido também por sua filantropia. Na difícil virada das décadas de 1920 para 1930, fez importantes contribuições à sociedade. Alguns destaques foram doações para a Irmandade do Hospital São José e para a pavimentação inicial da avenida Manoel de Nóbrega, em São Vicente-SP.

Em 1943, com a entrada do Brasil na Segunda Guerra, a família alemã se muda para Limeira, interior de São Paulo. Alexandre, nascido em São Paulo em 02 de abril de 1925, cursa engenharia agronômica na Esalq, na cidade vizinha de Piracicaba, e tem sua colação de grau em 1948.  

Naquele período, Londrina era conhecida como capital do café, com grande influência na formação do preço do grão. Em 1942, o pai de Alexandre havia comprado uma fazenda com 3.686 hectares, no distrito de Paiquerê, distante cerca de 50 quilômetros do centro de Londrina. Com topografia ondulada e solo com grande fertilidade natural, a fazenda atraiu o interesse do jovem Alexandre, podendo ter sido um estímulo para que escolhesse a engenharia agronômica. De fato, foi à Fazenda Figueira que Alexandre Von Pritzelwitz dedicou toda sua vida profissional.

As áreas mais próximas da sede eram ocupadas pelo café e, as mais distantes, pela pecuária de corte. Com a geada negra de 1975, o café de todo o Paraná sofreu perdas severas. Naquele período, a pesquisa agronômica já tinha desenvolvido técnicas de correção e fertilização do solo. A cultura do café começava, então, a migrar para áreas onde se obtinha melhor bebida, como o cerrado mineiro.

Alexandre Von Pritzelwitz passa a administrar sozinho o negócio – seu pai falece em 1981 –, e a pecuária de corte, atividade que sempre teve sua predileção, passa a ser a principal. Nos anos 1980, o café ocupava apenas pequenas áreas da Figueira.

sede-restaurada-scaled

Patrimônio ambiental

Paralelamente à produção comercial, Alexandre Von Pritzelwitz destinou cerca de um terço da fazenda Figueira à preservação ambiental. Em 1º de setembro de 1998, a área de 1.126 hectares conhecida como “Mata do Barão” – Alexandre herdou o apelido do pai, sendo ele mesmo também conhecido como Barão, em Londrina – foi averbada em caráter de perpetuidade como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

Pesquisas já apontaram que, nesta área de Mata Atlântica, há pelo menos 38 espécies de pequenos mamíferos e mais de 220 espécies de aves. Como parte do Programa de Adequação Ambiental da Fazenda Figueira, foram catalogadas 279 espécies de plantas, pertencentes a 60 famílias. Entre essas, estão algumas espécies que ainda não haviam sido registradas em Londrina, como Jequitibá, Capororoca, Guatambu, Chal-Chal, Embaúba, Pau-viola e Urtiga.

Além da RPPN, sob a gestão da Fealq, algumas áreas não propícias para atividades comerciais também tiveram destinação ambiental, consistindo-se em áreas de regeneração. Com isso, 41,5% da fazenda tem sido dedicada ao meio ambiente.

Admiração pelo fazer sempre melhor

Desde sua época de aluno, Alexandre Von Pritzelwitz mantinha estreitos vínculos com os professores do Departamento de Zootecnia da Esalq, sendo participante assíduo dos tradicionais simpósios de manejo de pastagem.

Alexandre admirava a dinâmica do tradicional CPZ – Clube de Práticas Zootécnicas, fundado em 1977 no Departamento de Zootecnia da Esalq. Esse grupo de extensão promove a interação entre professores, técnicos a alunos na condução de atividades típicas de uma propriedade de pecuária. Era dessa forma que o esalqueano gostaria que sua fazenda fosse cuidada, quando ele não estivesse mais presente. Professores, alunos, pesquisadores, técnicos discutindo e testando as melhores formas de se produzir. Daí o desejo de ver a Figueira transformada em estação experimental.

Com esse objetivo, em 02 de outubro de 1995, após entendimentos com os professores Vidal Pedroso de Faria e Aristeu Mendes Peixoto, do Departamento de Zootecnia da Esalq, e com a então diretoria da Fealq, Alexandre documenta seu testamento no Cartório do 1º. Ofício de Notas de Londrina, mantido em sigilo.

Naquele mesmo ano, o esalqueano doa à Fealq cinco apartamentos em Londrina. A Fundação, que mantém até hoje a posse desses imóveis, os aluga e concede bolsas para alunos da Esalq.

Além dessas doações, em vida, Alexandre Von Pritzelwitz destinava 10% dos rendimentos da fazenda para um fundo de apoio na Fealq destinado a bolsas de estudo para estudantes carentes.

O sr. Alexandre tinha asma e faleceu em 5 de janeiro de 2000, aos 74 anos, de insuficiência respiratória, em seu apartamento em Londrina.

A consumação do testamento

Representando a Fealq e a Esalq, o professor Antonio Roque Dechen compareceu ao funeral, em Londrina, encontrou-se com familiares que, até a abertura do testamento desconheciam a doação, e tomou as providências para a transferência.

Nesse processo burocrático, mais um fato acentua a distinção dessa história.

À conclusão da transferência da fazenda para a Fealq junto ao cartório competente, o professor Roque Dechen se dirige para fazer o pagamento dos custos e ouve como resposta algo como: “Professor, vocês estão recebendo uma maravilhosa doação. Ficamos honrados em contribuir com a efetivação. Aceite a contribuição do nosso cartório.” A declaração era da sra. Vera Maria Canziani Silveira, escrevente substituta do 2º Serviço de Registro de Imóveis de Londrina. Ela optou por pagar pessoalmente o registro em homenagem à atitude do “Barão”.

A Fealq assume, então, a fazenda Figueira e tem se empenhado para administrar o patrimônio de modo que seja autossustentável e contribua para o desenvolvimento da pecuária tão estimada pelo doador.

A Fazenda em Novas Mãos

colonia-nova-scaled

A documentação de transferência de posse é concluída em 11 de fevereiro. O sr. Alexandre administrava sozinho a fazenda e, até a abertura do testamento, nenhum membro da diretoria ou conselho curador da Fealq havia estado na fazenda Figueira, atendendo a vontade do doador.

A primeira visita é feita pelo então diretor-presidente da Fealq, professor Antonio Roque Dechen, e pelo secretário-executivo, Antonio César de Pádua, no final de janeiro de 2000. Eles conhecem a fazenda e tomam as primeiras providências contábeis, como acerto do salário dos funcionários.  

Eles observam que o esalqueano Alexandre Von Pritzelwitz era mesmo um homem de hábitos simples. O patrimônio é considerável e requer atenção para ser bem administrado. Para começar, era preciso fazer um diagnóstico cuidadoso da fazenda Figueira.

Nesse sentido, em meados de fevereiro de 2000, deslocam-se de Piracicaba para Londrina os professores Moacyr Corsi, Sila Carneiro da Silva, Luiz Gustavo Nussio e Alexandre Vaz Pires. Vão também o sr. Laureano Alves da Silva (“Gordo”), estimado funcionário da Zootecnia, responsável pelo manejo do rebanho da Esalq, e os então mestrandos do Departamento de Zootecnia José Renato Silva Gonçalves e Laísse Garcia de Lima.

O objetivo era fazer uma grande avaliação da fazenda. Havia preocupação em especial com as pessoas que lá trabalhavam. Eram 24 funcionários; boa parte deles mantida até hoje. Os representantes da Fealq lhes garantiram que haveria continuidade das atividades e, posteriormente, implementariam melhorias. 

O relatório coordenado pelo professor Corsi e apresentado ao conselho curador e à diretoria da Fealq destacou a necessidade de se implantar um programa de recuperação e manutenção de pastagens. Na época, o rebanho de corte somava cerca de 3.500 cabeças.

Era grande o desafio para se implementar a estação experimental Hildegard Georgina Von Pritzelwitz e manter a propriedade autossustentável economicamente. A favor havia a conjunção positiva de funcionários prontos para trabalhar, terra de qualidade, rebanho considerável e capital social da Esalq e Fealq para firmar parcerias. 

IMG-20180515-WA0063

Primeiro ciclo: grandes resultados

No dia 13 de abril de 2000, o engenheiro agrônomo José Renato Gonçalves, que acabara de concluir mestrado no Departamento de Zootecnia, assume a administração da fazenda.

Havia muito para ser feito. Os custos de funcionários e do rebanho eram correntes, mas, num primeiro momento, não estavam estabelecidas as fontes de receita. Era preciso pôr o sistema produtivo em movimento e se definir um fluxo de caixa.

O que se tinha como premissas eram que a atividade central deveria continuar sendo a pecuária de corte e as ações levariam em conta os três pilares de uma propriedade sustentável. O econômico, o social e o ambiental deveriam ser equilibrados.

Para se definir o melhor arranjo para a condução da pecuária, os novos gestores contaram com o apoio do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq. O professor Alexandre Mendonça de Barros fez avaliações econômicas e os apontamentos foram pela continuidade do ciclo completo: cria, recria e engorda.

Caso se optasse por suprimir a cria, por exemplo, haveria dificuldades para a obtenção de animais de reposição na região e também para se atestar a auditores – a contabilidade da fazenda é auditada pela Promotoria de Fundações, subordinada ao Ministério Público – a variabilidade dos preços que seriam pagos por bezerro ou boi magro, o que é comum diante das diferenças de qualidade dos animais. Além disso, como estação experimental, é preciso que a fazenda propicie pesquisa sobre todos as etapas da pecuária.

Obtido o direcionamento da atividade principal, era preciso implementar de imediato ações que melhorassem as pastagens. Inicialmente, eram aproximadamente 2.400 hectares de pastagens e 70 hectares de milho para silagem. A análise da área, no entanto, mostrou que uma parte não era adequada à atividade produtiva e foi destinada à regeneração ambiental. Para “uso” propriamente, ficaram cerca 2.150 hectares.

A primeira grande frente de trabalho foi a recuperação das pastagens, e as plantas invasoras eram um sério problema.

A lógica da nova administração previa a aproximação com grandes especialistas (acadêmicos e do mercado) nas temáticas que representassem desafios para a fazenda. Eles seriam convidados a participar de debates que levassem às tomadas de decisão. Algumas das propostas nascidas nessas discussões, inclusive, se tornaram experimentos e/ou parcerias.

Nesse sentido, o enfrentamento das plantas invasoras da pastagem levou a fazenda a firmar sua primeira parceria, em 2001, com a empresa Dow Agroscience – atualmente, Corteva Agriscience. Esta acabou se tornando a principal parceria da fazenda e é mantida até hoje.

As providências logo se voltaram para a nutrição do rebanho. Foram tomadas medidas também para melhorar os índices reprodutivos e, posteriormente, ações que visavam ao melhoramento genético.

Rapidamente, observou-se que os problemas enfrentados pela fazenda Figueira coincidiam com os da cadeia produtiva. A estação agrozootécnica começava a cumprir seu papel de testar soluções na prática e de compartilhar resultados comprovados.

Com as atividades ganhando ritmo, em dezembro de 2001, a engenheira agrônoma e mestre em Ciência Animal e Pastagem Laísse Garcia de Lima reforça o time ao assumir a estação experimental. Ela e José Renato, na prática, passam a dividir o gerenciamento tanto dos aspectos produtivos da fazenda quanto das parcerias de pesquisa e experimentos.

Cuidado com as Pessoas

Paralelamente às melhorias no sistema produtivo, foram feitos investimentos também nas condições de vida dos funcionários. As moradias, antes próximas a um rio, foram reconstruídas numa área com facilidade de acesso à estrada principal, com postes de iluminação e saneamento básico. Em 2003, todos já estavam de casa nova: residências em alvenaria e com 100% do esgoto coletado e tratado.

Destaca-se aí mais uma parceria positiva com a iniciativa privada. A Jacto, empresa do sr. Shunji Nishimura, com sede em Pompéia-SP, faz a doação de uma unidade completa para o tratamento de esgoto, com capacidade até superior à demanda da fazenda. O sistema funciona muito bem e vem a ser modelo para condomínios residenciais na cidade de Londrina.

Além das novas casas, os funcionários passaram a ter também plano de saúde.

De 2000 a 2005, a fazenda teve um ciclo bastante positivo. Houve grande avanço dos índices zootécnicos, das condições de vida dos funcionários e da receita obtida.

O impacto da aftosa e a parceria com a soja

No final de 2005, a confirmação de casos de febre aftosa no Paraná fez o preço da arroba desabar no estado. As vendas de boi gordo da fazenda Figueira foram frustradas. A expectativa era vender cerca de 1.200 animais, mas saíram 400 apenas, a preços baixos.  Esse cenário levou a comissão técnica e a diretoria da Fealq a decidirem por reduzir investimentos e a manter o rebanho. Em grande parte de 2006, a arroba também esteve desvalorizada, e o impacto se prolongou.

Nos anos seguintes, as pastagens perderam qualidade e os índices zootécnicos caíram, abrindo espaço para mudanças. O foco da fazenda continuaria sendo a pecuária de corte, ciclo completo, mas foi feita a opção por se diversificar com a soja. Os recursos financeiros e estrutura de máquinas da fazenda não permitiam a realização dessa nova atividade, mas os gestores poderiam contar com o apoio de terceiros para o cultivo da soja no verão. De fato, com essa nova parceria, foram alcançados os objetivos de se diversificar o sistema produtivo (ainda que em pequena escala), prover novas fontes de receita e executar o projeto de recuperação da fazenda mais rapidamente.

A primeira parceria para plantio da soja é firmada em 2008, sendo destinados à lavoura cerca de 4% da área útil. Após a colheita, a fazenda, com recursos próprios, cultivava na mesma área milho (para silagem e grãos) e aveia para pastejo do rebanho. A maior parte da produção de milho era utilizada na alimentação dos bovinos, e o excedente era comercializado.

O arranjo deu certo e, aos poucos, a área de agricultura foi aumentando. No primeiro ano, foram 90 hectares e, em 2019, o total foi de 340 hectares.

A receita obtida com a soja deu fôlego para a compra de tratores e implementos, mas o investimento nas pastagens continuou vindo, em grande parte, da intensificação da própria pecuária. Ao longo dos anos, o rebanho retomou bons índices.

Em 2011, a fazenda recebeu o “Prêmio Excelência Zootécnica” concedido pelo Rally da Pecuária. Uma comissão multidisciplinar analisou 90 fazendas e a Figueira foi considerada uma referência sob o ponto de vista técnico e também exemplo de viabilidade econômica.

Invasão MST

Em 2015, a fazenda Figueira vivia um dos seus pontos altos. Seus resultados produtivos e financeiros eram muito bons; sete experimentos estavam em curso. Apesar da sua dinamicidade, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra viu motivos para invadir e reivindicar a fazenda para assentamento de reforma agrária.

Em 17 agosto de 2015, cerca de 1.300 famílias do MST invadem a fazenda Figueira. Dois dias depois, a Fealq obteve da Justiça de Londrina a reintegração de posse, mas, na prática, a ocupação só terminou 50 dias depois.

Para a resolução do caso, foi determinante a ação da Promotoria Especial de Defesa do Meio Ambiente e Fundações, que auditava regularmente os balancetes da fazenda e tinha informações que comprovavam tanto os seus níveis produtivos quanto suas tratativas ambientais.

A Fealq aceitou firmar com o Ministério Público Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a não tomar ações de retaliação contra o MST e a desocupação ocorreu pacificamente entre 6 e 8 de outubro de 2015.

Apesar de a ocupação ter durado menos de dois meses, suas consequências negativas foram sentidas por anos. Além do prejuízo da fazenda enquanto unidade produtiva, pesquisas também foram perdidas.

Para agravar a situação, no início de 2016, chuvas fortes derrubaram a ponte que dá acesso à fazenda, impedindo a entrega de insumos. Cerca de dois meses depois, o exército instalou uma ponte móvel, provisória, mas a estrutura não comportava caminhões carregados nem máquinas agrícolas. Era preciso usar um desvio que aumentava em 60 km o trajeto. Em outubro de 2017 é que o distrito de Paiquerê, onde está a fazenda Figueira, volta a ter uma ponte adequada.

Somente em 2019, a fazenda consegue voltar à normalidade vivida antes da invasão.