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INCENTIVADOR DAS PESQUISAS: Ruy Caldas recebe título de Pesquisador Emérito do CNPq

Crédito Foto: Gerhard Waller.


O professor Ruy de Araújo Caldas, engenheiro agrônomo com mestrado em Nutrição Mineral de Plantas pela Esalq/USP e doutorado em Bioquímica Vegetal/Cultura de Tecidos pela Ohio State University, nos Estados Unidos, recebeu em maio o título de Pesquisador Emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)*. 

 

Atualmente pesquisador colaborador no Departamento de Ciências Biológicas da Esalq e assessor da diretoria da mesma Instituição, tendo ligação com muitas iniciativas apoiadas pela Fealq, Ruy Caldas acumula vasta experiência na viabilização da relação universidade-empresa para o desenvolvimento da biotecnologia nacional. Tem contribuído na formulação de políticas públicas e execução de programas estratégicos em ciência, tecnologia e inovação nos ambientes do CNPq, MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) e FAP-DF (Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal).

 

A Fealq teve a honra de entrevistar o pesquisador, nascido na década de 1940 numa área rural do município de Paracatu (MG) e conhecido por seu perfil dinâmico, visionário e empreendedor.

 

*A premiação é concedida anualmente, desde 2005, a pesquisadores brasileiros ou estrangeiros como reconhecimento ao renome junto à comunidade científica e pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica. Em 2022, seis pesquisadores receberam a distinção, sendo três deles ligados à USP: além do professor Ruy Caldas, docente da Esalq nas décadas de 1960-1970 e diretor do CNPq na década de 1990, Kabengele Munanga, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP; e Marco Antonio Zago, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), reitor da USP entre 2014 e 2017, presidente do CNPq de 2007 a 2010, secretário de Saúde do Estado de São Paulo (2018) e atual presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

 

A cerimônia foi realizada no dia 4 de maio, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Na ocasião, também foi entregue o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, edição 2022, para o químico Jailson Bittencourt de Andrade, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro Universitário Senai-Cimatec. O Prêmio, uma parceria do CNPq e do MCTI com a Marinha do Brasil, é um dos maiores reconhecimentos a pesquisadores e pesquisadoras do país, concedido anualmente a uma das três grandes áreas do conhecimento, em sistema de rodízio. Em 2022, a premiação contemplou a área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias.

 


– Qual o sentimento de receber o título de Pesquisador Emérito do CNPq?

Para mim foi uma surpresa e vejo como um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido nas últimas seis décadas na formação de pesquisadores ousados, em diferentes áreas conhecimento, que pensam “fora da caixinha” e não têm medo de navegar em mares nunca d´antes conhecidos.

 

 – Como o senhor avalia a pesquisa científica no Brasil?

A pesquisa nacional avançou muito nas últimas décadas pelo esforço de pessoas e instituições, mas longe do que é necessário para o Brasil se posicionar na fronteira do conhecimento e, em consequência, participar do cenário internacional como provedor de avanços tecnológicos fundamentais para uma economia também produtora de bens e serviços de alto valor agregado, gerando riqueza e postos de trabalho. 

 

– E sobre a área da biotecnologia nacional, qual avaliação o senhor faz?

A biotecnologia, por ser uma atividade que evolve sistemas vivos ou seus constituintes é uma atividade industrial muito complexa sob os aspectos tecnológicos, regulatório, de produção e de comercialização. O Brasil não conseguiu se organizar para criar um ambiente ágil e flexível, essencial para a pesquisa básica, nem tampouco um arcabouço de segurança jurídica, com bom nível da racionalidade, tanto para o avanço científico quanto para produção e registros de produtos e, com isso, estimular os investimentos públicos e privados na biotecnologia. Avançamos nas ciências biológicas básicas, mas precisa muito na área de química, engenharia de produção e muito ciência ligada à atividade formulação de produtos. 

 

– O senhor tem contribuído na formulação de políticas públicas e execução de programas estratégicos em ciência, tecnologia e inovação nos ambientes do CNPq, MCTI, CGEE e FAP-DF. Quais dessas iniciativas o senhor destacaria?

No CNPq, como diretor creio que avançamos muito no apoio a propostas “fora da caixinha”, com a participação de pesquisadores e os demandantes de conhecimento, a exemplo dos programas de desenvolvimento de software (Softex), RNP, a criação do Programa do Agronegócio, apoio a iniciativas como o Cepea, na Esalq, além  do fortalecimento do programa RHAE (Programa de Recursos Humanos em Atividades Estratégicas). 

 

No MCTI, atuei na concepção e elaboração da Lei de Inovação e da criação do CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) com apoio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), como OS (Organização Social) supervisionada pelo MCTI, sob o comando do Ministro Ronaldo Sardenberg e Carlos Américo Pacheco.

 

– Qual a importância do apoio de instituições como o CNPq para a ciência no Brasil?

O CNPq representa um marco na ciência brasileira, a visão do Almirante Álvaro Alberto foi um divisor de águas na nossa história. O CNPq tem papel central na promoção do desenvolvimento da nossa ciência. As fundações estaduais a exemplo da Fapesp, a Capes como apoio à formação de pessoal são pilares essências ao fomento à pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovações no latu sensu.

 

– Como o senhor avalia o papel da Fealq na viabilização de projetos para o desenvolvimento da ciência?

A Fealq, como fundação de apoio, tem um papel central, pois a ciência mundial só avança quando as premissas fundamentais de governança e gestão são atendidas, quais sejam: a aplicação do recurso financeiro tem que ser altamente flexível, pois a criação do novo não é cartesiana e sim caótica, a disponibilização do recurso deve ser ágil e o apoio financeiro deve ter continuidade, sem interrupção de recursos até o cumprimento dos objetivos do projeto. Na burocracia pública é impossível atender a estes pré-requisitos.

 

– Que mensagem o senhor deixa para o aluno que deseja se dedicar à pesquisa científica?

Para os jovens independentes que vão ou não ingressar na carreira de pesquisador, sugiro não deixarem de desenvolver atividades de pesquisa durante a graduação; o método científico aguça na gente a capacidade de observar fenômenos, formular hipótese sobre o que se observa e propor métodos para testar a hipótese formulada.

 

Para aqueles que têm como objetivo ser pesquisador, aconselho construir uma base de conhecimento bem sólida, procurar desde cedo um projeto de iniciação científica e desenvolver a habilidade de trabalhar em parceria com seus colegas de cursos, pois os grandes avanços científicos são atingidos quando se trabalha em equipe. Na área de bioquímica, por exemplo, todos os ganhadores de Prêmio Nobel trabalharam em conjunto e formaram grandes cientistas. Um clássico do século XX trata-se de Otto Heinrich Warburg, ícone da compreensão da respiração e fotossíntese, de cujo laboratório foram formados vários nobelistas, entre eles Fritz Albert Lipman e Hans Adolf Krebs.

 

 

Mais informações relevantes:

 

Engenheiro agrônomo pela Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, atual Universidade Federal de Viçosa, Ruy Caldas lecionou em diversas universidades brasileiras:

 

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), de 1965 a 1972, como professor de Bioquímica; e desde 2021, colaborando na proposta de Planejamento Estratégico e na formulação e busca de apoio a projetos interdisciplinares e multiinstitucionais.

Universidade de Brasília (UnB), de 1973 a 1994, como professor de Bioquímica e Biofísica, Enzimologia e Regulação Metabólica;

Universidade Federal de Viçosa (UFV), em 1983, como professor visitante para conceber o Centro de Biotecnologia (Bioagro).

Universidade Federal de Goiás (UFG), entre 1994 e 1996, como professor visitante para a estruturação dos programas de bioquímica, microbiologia e genética.

Universidade Católica de Brasília (UCB), de 2000 a 2013, como professor de Bioquímica e com a missão de estruturar a pós-graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia.

Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), de 2014 a 2020, para estruturar o Doutorado em Biotecnologia, com apoio da Capes. 

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), nos doutorados de Biotecnologia e Saúde, com apoio do CNPq.

 
 
 
 

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